O vento tocava a minha face, balançava o meu cabelo e me
dava sensação de frescor. Pássaros e borboletas voavam por todo o ambiente. O
cheiro das flores deixava tudo mais agradável. E ao meu lado, para deixar tudo
ainda mais agradável, estava aquele rapaz o qual eu sempre fora apaixonada. Não
falávamos nada, apenas aproveitávamos a companhia um do outro e aquilo me
trazia paz. Era tão bom ficar com ele! Ele me trazia uma sensação de paz, tranqüilidade,
uma coisa que eu realmente gostava.
Caminhávamos um ao lado do outro, às vezes ele me olhava e
sorria, seu sorriso era o mais bonito que eu já vira em toda a minha existência
e seu olhar era sempre tão gentil quando direcionado para mim.
Continuávamos caminhando, até ele parar, repentinamente e me
encarar. Ele parecia pensativo e após algum tempo expressou decepção. Pensei em
perguntar-lhe o que houve, entretanto, antes disso ele respondeu:
- Esqueci de uma coisa muito importante, uma coisa que eu
precisava te dar ainda hoje. Você se importa de me acompanhar até em casa? –
neguei com a cabeça, era óbvio que eu não me importaria, quanto mais tempo eu
passava com ele, mais feliz eu ficava. Ele esboçou um sorriso tímido. – Ótimo! –
voltamos a caminhar, só que desta vez pelo caminho oposto.
Caminhamos por mais alguns minutos até paramos na frente de
um enorme prédio. Passamos pela portaria e cumprimentamos a todos que estavam
ali, entramos no elevador e finalmente paramos na frente de seu apartamento.
Ele abriu a porta e pediu para que eu entrasse primeiro, como um verdadeiro
cavalheiro. Seu apartamento não era grande de mais, nem muito pequeno. O
ambiente era calmo e tranquilizante, assim como o dono. Haviam flores
espalhadas por todo o apartamento e além de calmo, o ambiente era perfumado.
O segui até a cozinha e sentei-me na mesa de jantar. Ele foi
até a geladeira e pegou uma caixinha vermelha, logo após veio até mim e
estendeu as mãos, me dando a caixinha. O indaguei com o olhar e olhei para a
caixinha bem desenhada. Coloquei-a na mesa e tirei a tampa, vi uma grande
quantidade de bombons embalados. Abri um sorriso de orelha à orelha, senti meu
rosto aquecer, certamente eu estaria corada e o olhei. Para mim não havia nada
melhor no mundo do que receber chocolates e aquilo havia me deixado muito mais
feliz do que eu estava.
Não me contive e o abracei. Ele pareceu surpreso de início
(e realmente era para estar, não costumava abraçar as pessoas), mas logo me
envolveu em seus braços. Seu abraço era caloroso, era tão bom quanto o abraço
de minha mãe. Antes de nos separarmos, ele depositou um beijo em minha testa e
logo depois se se sentou à mesa. Sentei-me ao seu lado, muito envergonhada e
peguei um bombom. Notei que no meio dos bombos tinha um pedaço de papel, peguei
o papel e percebi que ele havia ficado tenso.
Curiosa, desdobrei o papel e logo reconheci sua letra,
grande e bonita. Li tudo atentamente e antes de terminar, já estava em estado
de choque. Não acreditara no que eu acabara de ler. Não conseguia acreditar que
naquele bilhete, ele se declarava para mim de uma forma tão tímida e doce que
quase fez com que eu derretesse naquela cadeira. Eu o observei e notei que seu
rosto ficara vermelho rapidamente e ele olhava para baixo. Olhei para minhas
mãos e tentei me controlar. Eu não sabia o que iria fazer, mas eu sabia que se
eu agisse por impulso, faria uma grande besteira, então eu fiquei quieta e
pensei calmamente no que eu poderia fazer.
Enquanto pensava, notei que ele respirava fundo, como se
fazendo aquilo, conseguiria reunir coragem. Eu estava ansiosa para ouvir o que
ele falaria, ou ver o que ele faria, entretanto ele não fez nada, absolutamente
nada, apenas abaixou a cabeça. Curiosa, decidi perguntar-lhe se aquilo era
verdade.
- O que está escrito aqui, é verdade? – falei um pouco baixo
e gaguejando, suponho que ele havia entendido, pois apenas assentiu e seu rosto
obteve uma coloração muito mais avermelhada do que antes. – Eu... Eu... –
suspirei. – Eu sinto o mesmo. – disse, por fim. Encolhi na cadeira e tentei
esconder meu rosto. Senti seu olhar sobre mim e me atrevi a olhá-lo. Seus olhos
estavam arregalados, seu rosto continuava vermelho e aquilo era totalmente
adorável. Senti uma vontade incontrolável de apertar suas bochechas, contudo a
falta de coragem e a vergonha não me permitiram.
Após alguns segundos processando as idéias, ele virou-se
para mim e me olhou nos olhos. Aos poucos ele se aproximava de mim, sem que eu
percebesse, só percebi quando nossos rostos estavam próximos e eu podia sentir
sua respiração se mesclando com a minha. Com cuidado ele segurou meu rosto e
selou nossos lábios de uma forma carinhosa e gentil. Arregalei meus olhos e não
consegui acreditar no que ele tinha feito! Meu coração acelerou de tal forma
que parecia que ele iria sair correndo de meu corpo. Afastou-se de mim e me
olhava nos olhos, suas mãos ainda seguravam meu rosto e num fio de voz
perguntou-me:
- Aceita ser minha namorada? – sem saber o que fazer, que
reação eu deveria expressar, apenas assenti e tentei me esconder entre meus
cabelos, o que não fora possível. Ele expressou um sorriso tímido e encostou
sua testa na minha. Ficamos alguns minutos apenas naquela posição, até ele
finalmente se separar. – Quer mais algum bombom? – assenti novamente.
Comemos alguns bombons juntos e finalmente saímos do prédio,
rumando em direção à minha casa. Caminhávamos em silêncio, como anteriormente. Sua
mão segurava a minha. Sua mão era calorosa, forte. Era uma sensação engraçada,
uma sensação de segurança, de que eu nunca estaria sozinha novamente e eu
simplesmente adorava aquilo. Como que apenas um toque de mãos fazia com que eu
sentisse todas aquelas sensações?
Paramos em frente à minha humilde casa e antes que eu
entrasse para finalmente finalizarmos aquele dia, ele me abraçou fortemente e
beijou o topo de minha cabeça, novamente. Despediu-se com um leve sorriso,
acenou e virou-se, fazendo o caminho de volta. Entrei rapidamente e fechei a
porta atrás de mim, e após um tempo assimilando aquilo tudo, comecei a chorar de
felicidade. Eu estava muito feliz e queria poder reviver aquele dia pelo resto
de minha vida.