sábado, 26 de março de 2011
Falando com a lua.
I know you're somewhere out there
Somewhere far away
I want you back
I want you back
My neighbors think
I'm crazy
But they don't understand
You're all I have
You're all I have
Abriu as janelas, o vento gélido da noite tocava-lhe delicadamente no rosto, sentou no parapeito da janela e ajeitou seu pequeno bloco em suas pernas. Olhou rapidamente para a lua e pegou em sua caneta, naquele bloco ela escrevia todos os seus pensamentos, era como um diário só que diferente. Folheou algumas páginas e finalmente chegou numa em branco, começou a escrever. Pensou em escrever sobre coisas alegres, entretanto não podia naquele estado, estava triste. Decidiu então escrever sobre aquilo que a entristecia.
“Sei que está em algum lugar lá fora, bem longe de mim. Prometeu que nunca me abandonaria e nunca me deixaria triste, está quebrando essa promessa. Não vê? Você não vê que está me fazendo mal? Eu quero você de volta, quero agora!”.
Parou de escrever por um momento, observou as estrelas e olhou para a lua. A lua era sua “única amiga”, podia conversar com ela, estava sempre pronta para escutá-la. Sabia que era bobeira, entretanto ainda assim conversava com a lua. Ainda observava a lua quando uma lágrima teimosa escorreu de seus olhos, a secou. Em seguida olhou novamente para o caderno e voltou a escrever.
“Meus vizinhos acham que eu estou enlouquecendo. Eles não entendem, não entendem que tudo o que eu tinha, tudo o que eu tinha era você. Sinto sua falta, preciso de você aqui e agora...”.
At night when the stars
light up my room
I sit by myself
Talking to the Moon
Try to get to You
In hopes you're on
the other side
Talking to me too
Or am I a fool
who sits alone
Talking to the moon
Fez uma pequena pausa, aquela posição a incomodava. Era um pouco complicado se equilibrar no parapeito de uma janela e escrever com letras belas para que pudesse entender depois. Em alguns momentos tinha a impressão que iria cair. Decidiu se levantar e correu pelo quarto e logo acendeu a luz, finalmente deitou de bruços em sua cama voltando a escrever.
“Preciso te contar uma coisa! Preciso te contar que quando as estrelas aparecem no céu, iluminando meu quarto, eu me sento sozinha e converso com a lua, tentando chegar até você, na esperança de que esteja do outro lado falando comigo também. Deve estar pensando que sou uma tola que se senta sozinha conversando com a lua.”
I'm feeling like I'm famous
The talk of the town
They say
I've gone mad
Yeah, I've gone mad
Parou novamente de escrever, deu mais um longo suspiro. Ouviu algumas crianças brincando e outras que deveriam se afastar do portão de sua casa, pois ela estava maluca. Às vezes ela se sentia como se estivesse ficando famosa todos daquele bairro falavam dela.
“Acho que estou ficando famosa, todos os vizinhos estão falando de mim, até as crianças. Eles dizem que estou louca, por me sentar sozinha e conversar com a lua.”
Soltou a caneta, virou o corpo de modo um tanto brusco e ficou com a barriga para cima, fitou o teto. Mais lágrimas teimosas escorriam de seus olhos, doía tanto pensar nele, doía tanto ainda amá-lo, doía tanto viver sem ele. Havia a deixado muito magoada, e ainda assim ela o amava. Virou novamente, ficando de bruços e mais lágrimas saíam deixando seu lençol levemente úmido.
Do you ever hear me calling?
Cause every night
I'm talking to the moon
Still trying to get to you
In hopes you're on
the other side
Talking to me too
Or am I a fool
who sits alone
Talking to the moon
“Me responda, por favor: você já me ouviu chamando? Porque todas as noites eu falo com a lua tentando novamente chegar até você na esperança de que você esteja do outro lado falando comigo também. Sei que sou uma tola que fica sentada sozinha falando com a lua, mas é a única coisa que eu posso fazer para tentar chegar até você.”
Em um momento de repulsa, jogou o bloco e a caneta longe, parecendo uma criança, voltou a chorar. Pegou um travesseiro e se abraçou a ele. Pensava em muitas coisas ao mesmo tempo, pensava o quanto o amava, pensava o quanto estava sendo tola por escrever tudo aquilo, pensava que parecia uma criança escrevendo num diário, pensava que não adiantava nada escrever naquele bloco.
Pensava também no quanto parecia boba, e louca para os vizinhos, ficar sentada conversando com a lua e tentando chegar até ele. Aquilo não mudaria nada, aquilo não faria com que ele voltasse, aquilo não fazia com que alguém a ajudasse. Aquilo não adiantava, aquilo não adiantava foi a última coisa em que ela pensou antes de pegar no sono.
E de algum modo, aquilo realmente a ajudou. Ainda era de manhã quando ele entrou em sua casa, ainda tinha as chaves, entrou só para deixar uma pequena carta com um pedido de desculpas por tudo o que ele havia feito, escreveu a carta porque não teria coragem de lhe dizer pessoalmente.
Entrou silenciosamente no quarto e a viu dormindo ainda abraçada no travesseiro. Também viu, em cima de um tapete, o bloco em que ela escrevia. Com uma grande curiosidade, pegou o bloco e o leu. Logo após deu um pequeno sorriso e sentou-se ao lado da cama, onde podia acariciar os cabelos macios e sedosos de sua amada. Acabou adormecendo naquela posição.
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