segunda-feira, 8 de abril de 2013

• Saudade

Postado por Unknown às 09:48

Hoje eu me lembrei de você. Faz pouquíssimo tempo que você partiu, entretanto parece que tudo o que vivi contigo, todas as memórias, foram apenas um sonho, uma ilusão, e que dificilmente conseguirei viver novamente. As únicas coisas que me provam que aquilo foi real são as lembranças, as fotos, os vídeos; é difícil esquecer alguém como você, das suas manias, das suas brincadeiras, de suas palhaçadas. E provavelmente não esqueceremos isso tão cedo.

Para mim você era uma pessoa chata e irritante, que me chamava nos piores momentos. Bastava eu me sentar para jogar algo, ou escrever, que você me chamava e isso me deixava extremamente irritada! Outra coisa que me irritava era o fato de que você reclamava muito, passava horas e horas reclamando, aquilo me enlouquecia! Ah, você também era muito agitado! Sempre fui uma pessoa de dormir tarde, entretanto conseguia dormir mais cedo que você. Tinha noites em que você deitava cedo, mas alguns minutos depois já era possível ouvir seus passos pesados ecoando pela casa silenciosa.

Você era barulhento ao extremo! Falava alto, deixava o volume da TV tão alto que podia se ouvir da rua e brincava com a cadela num volume de voz altíssimo. Você também adorava roubar meus doces! Era eu ficar com vontade de comê-los que descobria que você já os havia comido, contudo, quando eu lhe dava, o doce rolava por dias na geladeira até estragar. Ainda me lembro do dia em que acordei durante a noite e pude vê-lo entrando em meu quarto, apenas de cueca, com seus cabelos separados em pequenos tufos, e você tentava abrir a porta de meu armário de modo silencioso e finalmente pegava o que queria: meu biscoito. Eu ri muito depois disso.

Eu adorava as caras que você fazia quando eu te sacaneava, adorava seu sorriso feliz quando escutava suas músicas e as pessoas apreciavam também não posso me esquecer da sua cara de sapeca quando fazia alguma brincadeira. Contudo, quando você nos dava uma bronca, ficava muito assustador. Eu gelava todas às vezes.

Entretanto nada teu ficou. Somente a saudade. A saudade dos teus passos pela casa, a saudade da tua voz alta, das suas manias, dos seus jeitos e até dos meus doces roubados (que na verdade era você quem os comprava).

Só me arrependo de nunca ter te dado o valor. Não ter te abraçado, não ter dividido meus doces, não ter sido uma filha digna. Arrependo-me por ter sido extremamente egoísta contigo. Mas eu quero que saiba que eu te amo e que sinto sua falta.


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