XX
Sentia um vento levemente frio entrando pela minha janela totalmente aberta. Mesmo estando com um pouco de frio, eu me recusava a colocar um agasalho. Naquele momento eu estava sentada em minha cama e abraçava meus joelhos, meu olhar estava fixado nas belas estrelas que brilhavam intensamente no céu escuro. Fiquei mais alguns minutos nessa posição e quando finalmente me levantei para colocar um agasalho, a campainha toca. Esperei mais alguns minutos, ninguém havia atendido. Sem outra escolha, decidi colocar a preguiça de lado e desci.
Enquanto descia lentamente, percebi que eu não conhecia muito bem aquela casa. Era totalmente diferente da minha, só o quarto que era parecido. Aquela era uma casa de dois andares, um tanto quanto luxuosa e espaçosa. Na minha pequena caminhada pude perceber alguns quartos, salas e vasos de plantas espalhados por todo o andar. Quando desci as escadas pude ver uma cozinha ao meu lado direito e uma sala ao meu lado esquerdo.
A cozinha era com pisos claros, as paredes também claras e os móveis cor tabaco. A geladeira, o fogão e etc pareciam ser tudo de primeira. Lá também havia alguns vasos de plantas. A sala tinha pisos e paredes brancos, o sofá era em couro preto, a estante era cor tabaco. Na estante tinha fotos, um aparelho de DVD, uma televisão grande e um Home Theater. E também tinha duas portinhas que guardavam algo. Tinha um vaso de planta em casa lado da estante... Só não digo mais, pois não lembro.
Finalmente cheguei na porta e quando abri vi a pessoa mais querida e especial para mim. Seu nome era Daniel e ele era meu amigo virtual até algum tempo atrás, e naquele momento estava bem na minha frente. Naquele momento a única coisa que eu consegui fazer foi abraçá-lo bem forte, abraçá-lo como se o mundo fosse acabar e após alguns minutos me separei dele. Uma alegria enorme tomou conta de mim e eu não conseguia deixar de sorrir. Entretanto esta alegria durou pouco, ele teve de partir e só me visitou para avisar que havia chegado na cidade e que no dia seguinte poderíamos conversar horas e horas.
Nos abraçamos novamente e ele foi embora. Fechei a porta com um sorriso de orelha a orelha e me preparei para subir novamente. Quando iria começar a subir as escadas, percebi que a televisão estava ligada sem ninguém assistir. Soltei um pequeno suspiro e me aproximei lentamente. Pude perceber que havia alguém deitado no sofá e assim que vi me aproximei da pessoa para ver seu rosto.
Seu rosto estava perdido entre os seus cabelos escuros, pude ouvir um pequeno ronco e tive uma grande vontade de rir bem alto. Após conseguir controlar a vontade de rir, afastei seus cabelos e percebi que dois olhos negros e sonolentos me observavam. A pessoa me perguntou o que eu queria, eu disse que nada e pedir desculpas por acordá-lo. Ele se sentou e se espreguiçou, em seguida tirou seus cabelos da face e eu finalmente consegui ver seu rosto.
Era ele. O homem que eu amava estava bem na minha frente. Naquele momento eu havia esquecido de tudo e meu corpo congelou, senti minha face ficar um pouco quente e meu coração parecia explodir a qualquer momento. Eu queria gritar, abraçá-lo e dizer que o amava com todas as forças, mas eu não conseguia. Não conseguia me mover, não consegui expressar qualquer reação. E ele me olhava curioso. Perguntou o que havia acontecido e eu apenas respondi que nada, em seguida perguntou porque eu estava daquele jeito tão estranho, eu respondi que não havia acontecido nada.
Ainda me olhava curioso quando se levantou e me olhou nos olhos como se soubesse que eu estava mentindo. E quando eu menos esperava, ele deu um sorriso e me abraçou com delicadeza, como se eu fosse quebrar ou desmanchar. O abracei também e me senti de um jeito que eu nunca havia me sentido antes.
Só que minha vista escureceu de repente e quando percebo, eu estou abraçada no meu travesseiro, vestindo o meu pijama com patinhos desenhados e meus cabelos completamente bagunçados. Fiz uma careta e me espreguicei. Percebi uma pequena carta e nela estava escrito o seguinte:
"Gisele, como você estava dormindo tão bem, resolvi não te acordar. O pijama do patinho ficou muito bem em você e vê se prenda o cabelo na próxima vez. Peço também que se o travesseiro estiver babado que você troque a fronha. Com amor, mamãe”.
2 comentários:
Interessante e lindo.
amei o texto, linda !
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