(Yazawa Nico - Love Live - Imagem obtida no Google Imagens) |
O
dia amanhecera nublado e sombrio. Havia certa sensação de tristeza no ar.
Parecia um dia perfeito para assistir filmes de suspense. Não sei se com todas
as pessoas acontece isso, mas eu acredito que o clima nos ajuda a aproveitar
mais o filme. Acredito que é muito melhor assistir filmes desse gênero com dias
mais escuros, pois isso influencia em minha experiência, parece que imerjo mais
no filme e aproveito todas as sensações que o ele pode me oferecer.
Como
o clima estava propício para este tipo de filme, decidi buscar algum suspense
bom para matar o tempo. Nenhum filme vinha em minha mente, e a maioria das
recomendações que eu pesquisava era de filmes que eu já havia visto. Foi então
que uma ótima ideia surgiu em minha mente!
Há
um tempo vi um filme de suspense muito bom e interessante, que no final eu
descobri que o mesmo era um remake de um filme sul coreano. Como sou apaixonada
pela Coreia do Sul, fiquei curiosa em relação ao filme, contudo nunca sequer
procurei saber sobre ele.
E
foi aí que minha busca por filmes de suspense havia terminado. Veria a versão
original daquele filme que me conquistou por sua história bem elaborada. Se o
remake era bom, imagine o original!
Enquanto
me preparava para assisti-lo, minha mãe, curiosa, perguntou-me o que iria fazer
e quando lhe contei, ela resolveu se juntar a mim. Ótimo, teria companhia para
o filme! Felicidade foi o que senti.
Sentamos
de frente para o computador e começamos a aproveitar o filme. Só que, ao
decorrer do mesmo, descobrimos que aquele filme não era só um suspense básico,
algo para te deixar apreensivo, mas que logo passaria. Aquele filme era de
terror. E pesado. A história era completamente mais macabra e aterrorizante do
que a apresentada no remake, e as cenas eram horríveis, tanto é que todas as
horas eu cobria os olhos, com medo do que viria.
Minha
vontade era de parar de vê-lo, entretanto a curiosidade de saber como a
história terminava foi maior e tentei segurar o medo. Minha amada mãe estava
tão aterrorizada quanto eu. Nós duas não somos muito fãs desse tipo de filme,
achamos que tem muita violência e cenas muito grotescas sem necessidade. Nossa
opinião, é claro, sinta-se livre para discordar.
Após
passar duas horas com o olho praticamente tampado o tempo todo, digo com todo o
orgulho que sobrevivemos ao filme e conseguimos concluí-lo. Contudo, iríamos
ter que dormir com a luz acesa naquela noite.
Eram
onze horas da noite quando todos da casa foram dormir e eu fiquei um tempo a
mais no computador, assistindo doramas (*) coreanos. Quando o relógio marcou
duas da manhã eu resolvi ir dormir. Peguei uma roupa qualquer na gaveta e
entrei para o banho.
Durante
o meu banho, ouvi um barulho de algo caindo. Meu coração disparou, parecia que
sairia correndo a qualquer momento. Imagens do filme começaram a passar em
minha mente. “Deus me proteja de todos os males”, falei em voz alta, repeti
esta frase umas cinco vezes. Foi então que tomei coragem e abri a porta do Box
para ver o que tinha acontecido. Todas as coisas do banheiro estavam em seu
devido lugar, respirei aliviada. Ao menos no banheiro eu estava segura.
Terminei
o banho e clamei por Deus novamente para criar coragem e sair do cômodo. Orei
para que nenhum espírito aparecesse em minha frente. Abri a porta e fui para a
sala do computador, tudo em ordem. Encaminhei-me para a sala de estar, tudo
estava em ordem também. Graças a Deus.
Contudo,
foi quando eu me encaminhei para a cozinha que eu o vi. Não era um espírito,
era pior. UM MONSTRO. UM MONSTRO GIGANTE. ENORME. Ele estava parado, me
observando, ele devia estar sentindo o medo emanando de minha pessoa. Ele sabia
que eu estava apavorada. Suas patas se moveram, virei pedra, esperei seu
próximo movimento, que não aconteceu. Ele permaneceu parado. Suas antenazinhas
se moviam freneticamente. Que cena terrível.
Minha
respiração estava acelerada, tive que fazer um esforço tenebroso para me
controlar e permanecer calma. “Pensa rápido, pensa rápido”, “Deus, o que eu
faço? O que eu faço?”. Pensei em pedir
socorro para minha mãe, mas era de madrugada, não queria perturbar o sono dela.
Pensei em meu irmão, mas ele seria o primeiro a fugir daquele monstro. Pensei
ir dormir, deixando o monstro na cozinha, mas logo pensei nas consequências que
isso poderia me trazer. Não tinha jeito, eu tinha que enfrenta-lo. Olhei para o
lado e para o outro a procura de uma arma para enfrentar aquele monstro.
Meus
olhos logo encontraram meu chinelo. “Não, chinelo é perigoso, terei que me
aproximar do monstro para acertá-lo”. Minha mira é terrível, chinelo estava
fora de questão. E então eu achei uma vassoura! “Não, não deve ser muito
efetivo e o monstro pode querer se vingar”. “Senhor me ajuda!”. Foi neste
momento que eu achei o inseticida em cima da estante. “Obrigada, Pai
celestial”.
Peguei
o inseticida, agitei bem e respirei fundo, me preparando para o ataque.
Aproximei-me lentamente do monstro, respirei novamente, e utilizei o inseticida
no bicho. Saí correndo para a sala, dando pequenos gritinhos. Minha cadela me
olhava curiosa completamente alheia à batalha que eu acabara de participar.
Esperei
um tempo, voltei para a cozinha para procurar o corpo sem vida daquela coisa.
Um tempo depois eu finalmente o achei, com a barriga pra cima e suas patinhas
se movendo desesperadamente, tentando combater o veneno. Até que o monstro
finalmente se rendeu e sua vida chegou ao fim.
Após
a árdua batalha, fui dormir orgulhosa. Havia matado minha primeira barata! Como
será que mamãe reagiria no dia seguinte? Sentiria orgulho, como eu senti? Sorri
satisfeita.
Foi
aí que eu percebi que uma barata me causava mais danos psicológicos do que um
filme de terror tenebroso e a ideia de ser assombrada por espíritos.
(*) Dorama é a definição generalizada do gênero série de televisão oriental (Novela), seja ela J-Drama (drama japonês), K-Drama (drama coreano), TW-Drama (drama taiwanês), C-Drama (drama chinês) e até mesmo os Live-Action (filmes com pessoas reais quando um mangá ou anime faz sucesso). Explicação tirada do Wikipédia.