segunda-feira, 15 de agosto de 2016

O Monstro

Postado por Unknown às 17:00 0 comentários
(Yazawa Nico - Love Live - Imagem obtida no Google Imagens)

O dia amanhecera nublado e sombrio. Havia certa sensação de tristeza no ar. Parecia um dia perfeito para assistir filmes de suspense. Não sei se com todas as pessoas acontece isso, mas eu acredito que o clima nos ajuda a aproveitar mais o filme. Acredito que é muito melhor assistir filmes desse gênero com dias mais escuros, pois isso influencia em minha experiência, parece que imerjo mais no filme e aproveito todas as sensações que o ele pode me oferecer. 

Como o clima estava propício para este tipo de filme, decidi buscar algum suspense bom para matar o tempo. Nenhum filme vinha em minha mente, e a maioria das recomendações que eu pesquisava era de filmes que eu já havia visto. Foi então que uma ótima ideia surgiu em minha mente!

Há um tempo vi um filme de suspense muito bom e interessante, que no final eu descobri que o mesmo era um remake de um filme sul coreano. Como sou apaixonada pela Coreia do Sul, fiquei curiosa em relação ao filme, contudo nunca sequer procurei saber sobre ele.
E foi aí que minha busca por filmes de suspense havia terminado. Veria a versão original daquele filme que me conquistou por sua história bem elaborada. Se o remake era bom, imagine o original!

Enquanto me preparava para assisti-lo, minha mãe, curiosa, perguntou-me o que iria fazer e quando lhe contei, ela resolveu se juntar a mim. Ótimo, teria companhia para o filme! Felicidade foi o que senti.

Sentamos de frente para o computador e começamos a aproveitar o filme. Só que, ao decorrer do mesmo, descobrimos que aquele filme não era só um suspense básico, algo para te deixar apreensivo, mas que logo passaria. Aquele filme era de terror. E pesado. A história era completamente mais macabra e aterrorizante do que a apresentada no remake, e as cenas eram horríveis, tanto é que todas as horas eu cobria os olhos, com medo do que viria.

Minha vontade era de parar de vê-lo, entretanto a curiosidade de saber como a história terminava foi maior e tentei segurar o medo. Minha amada mãe estava tão aterrorizada quanto eu. Nós duas não somos muito fãs desse tipo de filme, achamos que tem muita violência e cenas muito grotescas sem necessidade. Nossa opinião, é claro, sinta-se livre para discordar.

Após passar duas horas com o olho praticamente tampado o tempo todo, digo com todo o orgulho que sobrevivemos ao filme e conseguimos concluí-lo. Contudo, iríamos ter que dormir com a luz acesa naquela noite.

Eram onze horas da noite quando todos da casa foram dormir e eu fiquei um tempo a mais no computador, assistindo doramas (*) coreanos. Quando o relógio marcou duas da manhã eu resolvi ir dormir. Peguei uma roupa qualquer na gaveta e entrei para o banho.

Durante o meu banho, ouvi um barulho de algo caindo. Meu coração disparou, parecia que sairia correndo a qualquer momento. Imagens do filme começaram a passar em minha mente. “Deus me proteja de todos os males”, falei em voz alta, repeti esta frase umas cinco vezes. Foi então que tomei coragem e abri a porta do Box para ver o que tinha acontecido. Todas as coisas do banheiro estavam em seu devido lugar, respirei aliviada. Ao menos no banheiro eu estava segura.

Terminei o banho e clamei por Deus novamente para criar coragem e sair do cômodo. Orei para que nenhum espírito aparecesse em minha frente. Abri a porta e fui para a sala do computador, tudo em ordem. Encaminhei-me para a sala de estar, tudo estava em ordem também. Graças a Deus.

Contudo, foi quando eu me encaminhei para a cozinha que eu o vi. Não era um espírito, era pior. UM MONSTRO. UM MONSTRO GIGANTE. ENORME. Ele estava parado, me observando, ele devia estar sentindo o medo emanando de minha pessoa. Ele sabia que eu estava apavorada. Suas patas se moveram, virei pedra, esperei seu próximo movimento, que não aconteceu. Ele permaneceu parado. Suas antenazinhas se moviam freneticamente. Que cena terrível.

Minha respiração estava acelerada, tive que fazer um esforço tenebroso para me controlar e permanecer calma. “Pensa rápido, pensa rápido”, “Deus, o que eu faço? O que eu faço?”.  Pensei em pedir socorro para minha mãe, mas era de madrugada, não queria perturbar o sono dela. Pensei em meu irmão, mas ele seria o primeiro a fugir daquele monstro. Pensei ir dormir, deixando o monstro na cozinha, mas logo pensei nas consequências que isso poderia me trazer. Não tinha jeito, eu tinha que enfrenta-lo. Olhei para o lado e para o outro a procura de uma arma para enfrentar aquele monstro.

Meus olhos logo encontraram meu chinelo. “Não, chinelo é perigoso, terei que me aproximar do monstro para acertá-lo”. Minha mira é terrível, chinelo estava fora de questão. E então eu achei uma vassoura! “Não, não deve ser muito efetivo e o monstro pode querer se vingar”. “Senhor me ajuda!”. Foi neste momento que eu achei o inseticida em cima da estante. “Obrigada, Pai celestial”.

Peguei o inseticida, agitei bem e respirei fundo, me preparando para o ataque. Aproximei-me lentamente do monstro, respirei novamente, e utilizei o inseticida no bicho. Saí correndo para a sala, dando pequenos gritinhos. Minha cadela me olhava curiosa completamente alheia à batalha que eu acabara de participar.

Esperei um tempo, voltei para a cozinha para procurar o corpo sem vida daquela coisa. Um tempo depois eu finalmente o achei, com a barriga pra cima e suas patinhas se movendo desesperadamente, tentando combater o veneno. Até que o monstro finalmente se rendeu e sua vida chegou ao fim.

Após a árdua batalha, fui dormir orgulhosa. Havia matado minha primeira barata! Como será que mamãe reagiria no dia seguinte? Sentiria orgulho, como eu senti? Sorri satisfeita.


Foi aí que eu percebi que uma barata me causava mais danos psicológicos do que um filme de terror tenebroso e a ideia de ser assombrada por espíritos.


(*) Dorama é a definição generalizada do gênero série de televisão oriental (Novela), seja ela J-Drama (drama japonês), K-Drama (drama coreano), TW-Drama (drama taiwanês), C-Drama (drama chinês) e até mesmo os Live-Action (filmes com pessoas reais quando um mangá ou anime faz sucesso). Explicação tirada do Wikipédia.

sábado, 2 de janeiro de 2016

O Ladrão

Postado por Unknown às 14:50 0 comentários
(Yazawa Nico - Love Live)

Há muito tempo atrás – nem tanto assim, pra ser sincera -, enquanto eu ainda estava no ensino médio, aconteceu uma coisa comigo que nunca mais esquecerei. Uma coisa que marcou minha vida, minha história. E eu lhes contarei agora.

Um dia, como outro qualquer, acordei feliz e animada, e, pela primeira vez, ansiosa em ir para o colégio, pois naquele dia eu finalmente teria algo para comer durante o intervalo das aulas. O lanche que havia comprado no dia anterior era um delicioso pote de batatinhas no sabor creme e cebola. E olha vocês não fazem ideia do quanto eu lutei para não comer tudo na hora, afinal as batatinhas eram (e são) deliciosas. A vontade que eu tive foi de abrir aquele pote e comer tudo na hora, mas tive que ser forte, já que se eu fizesse isso não teria lanche para o dia seguinte.

Lembro que naquele dia tomei café da manhã, botei as batatinhas em outro pote que coubesse na mochila e rumei para a escola, ansiando o horário do lanche. Lembro-me também o quanto o tempo estava vagaroso. A hora simplesmente não passava, parecia que faltava uma eternidade para o intervalo. Meu estômago, minha boca, meu corpo clamavam por aquelas batatinhas que não comia há muito tempo. Sentia que ia enlouquecer naquela sala de aula.

E, finalmente, depois de quase um século esperando pelo intervalo, havia chegado o horário dele. Saí praticamente correndo da sala de aula, desci as escadas o mais rápido que a multidão de alunos me permitia e sentei-me nos bancos do refeitório. Olhei para o pote de batatinhas, meus olhos deviam estar brilhando, comecei a sentir a felicidade tomando conta de todo o meu ser. E, então, chegara a hora de abrir o pote e apreciar o meu delicioso lanche.

Dei a primeira mordida. O momento foi mágico. O sabor de creme e cebola se espalhou em minha boca e me trouxe uma sensação incrível. Ah, como eu estava com saudades de comer aquelas batatinhas!

Continuei comendo as batatinhas, devagar, sem pressa, apreciando o sabor, a textura, cada pedaço daquela coisa divina. Estava quase terminando de comê-las, o intervalo já estava chegando ao fim também, quando uma ligação de minha mãe interrompeu-me. Contudo, não fiquei brava, atendi alegre e animada, estava feliz. Muito feliz. Nada naquele dia poderia estragar minha felicidade. Ou era isso o que eu pensava.

Enquanto conversava com minha mãe, observando minhas últimas batatinhas e pensando em qual lanche eu deveria comprar da próxima vez, um garoto (mais novo que eu) simplesmente se aproximou, pegou minhas batatinhas e as comeu na minha frente. Fiquei pasma. Não acreditei no que estava vendo. Olhei fixamente para o rapaz, eu realmente não acreditava que ele estava fazendo aquilo. O mesmo virou para o amigo que estava com ele, falou algo e foi embora para outro lugar.

Minha mente gritava: “Como assim?”. Como ele teve coragem de pegar minhas últimas batatinhas? Sem nem ao menos pedir! E o pior, eu nem ao menos o conhecia.

O tempo ao meu redor se fechou. Nuvens nubladas se formaram ao meu redor. O meu humor ficou péssimo. Voltei a conversar com minha mãe, completamente indignada. Contei o que havia acabado de acontecer e ela riu. Ela riu! Chamou o garoto de maluco e falou que não tinha problema, depois ela me compraria mais batatinhas.

Contudo aquilo não me animou. Eram minhas últimas batatinhas! Como ele teve coragem de fazer aquilo? Eu estava tão feliz aproveitando-as. Tão feliz. E ele teve o prazer de estragar minha felicidade. Mas, tudo bem, passado é passado. Coisas da vida.

Voltei para a aula, emburrada e triste, completamente sem ânimo para assistir os próximos tempos. Deite-me na mochila e esperei o tempo passar, dessa vez ansiosa para ir para casa e tentar esquecer aquele dia.

Depois disso, nunca mais vi o rapaz. Sorte a dele.

O tempo passou. Formei-me e ingressei na faculdade. Muitas coisas aconteceram durante este período, mas nunca me esqueci do dia em que minhas batatinhas foram cruelmente levadas de mim.

E, em um dia normal, como outro qualquer, enquanto caminhava pelo pátio da faculdade em direção à aula, o vi novamente. Ele estava parado, rindo com os colegas, completamente desatento a tudo ao seu redor. Passei por ele, olhando-o fixamente e o chamei de ladrão de batatinhas. O garoto, agora rapaz, me olhou sem entender nada. Claro, ele se esqueceu do que havia feito no passado. Sabia que isso aconteceria.


Ele pode ter esquecido, mas eu nunca me esquecerei do fato de que ele é um ladrão de batatinhas!

quarta-feira, 8 de abril de 2015

Pequeno passeio

Postado por Unknown às 20:15 1 comentários

(Link da imagem: http://www.zerochan.net/1849909)

Despertei sentindo um suave afago em minha cabeça e uma deliciosa brisa balançando minhas roupas ao seu ritmo. Ao abrir os olhos, tive que cobri-los novamente devido à claridade do ambiente, mas logo me acostumei e quando os abri de novo, a primeira coisa que vi foi belas pétalas de cerejeira em flor caindo lentamente. Levantei levemente o braço, desejando que uma delas caísse em minha mão, contudo tal coisa não aconteceu. Abaixei novamente o braço e me pus a pensar.

Continuei imersa em meus pensamentos até o afago cessar. Sem entender o porquê, olhei interrogativamente para cima, diretamente para a origem do afago. Ele apenas esboçou um belo sorriso e por um instante eu passei a observá-lo. Seu rosto tinha feições angelicais, seu sorriso era, com certeza, o mais bonito que eu havia visto em toda minha vida e seu olhar era doce, muito doce e gentil. Para deixá-lo ainda mais bonito, do ângulo em que eu estava, era possível ver a grande cerejeira em flor ao fundo. A visão que eu estava tendo era digna de uma grande pintura.

Uma nova corrente de vento se formou e eu pude ver seus belos cabelos negros balançando ao ritmo dele, e as flores da cerejeira o acompanhava. Por um momento, senti minha respiração falhar e meu coração acelerar levemente. Aquela era, com toda a certeza, a coisa mais linda que eu já havia visto e viria em toda minha vida. Não há palavras para descrever tamanha perfeição. Era, simplesmente, lindo.

Após algum tempo observando-o, desviei meu olhar para outro lugar, e senti meu rosto aquecer, provavelmente estava ficando avermelhado. Ah! Como eu odiava as sensações que ele me trazia! Suspirei cansada e disse-lhe:

- Por que paraste? – o olhei novamente e ele esboçou mais um sorriso. – Qual é a graça?

- Parei porque se continuasse você passaria o resto do dia deitada. E isto é algo que eu não quero. Temos um longo dia pela frente, esqueceu? – suspirei novamente e desta vez ele soltou uma risada gostosa.

- Ah! Eu preferia passar o dia inteiro aproveitando seu carinho! – disse enquanto meus lábios formavam um leve bico. Ele riu novamente e bagunçou levemente meus cabelos.

- E o nosso passeio? Vamos! Levante-se. Chega de preguiça. – sem outra escolha, sentei-me e me espreguicei. Enquanto isso ele se levantou e estendeu sua mão para me ajudar a realizar tal ato. Assim que me levantei, passei a mão pelas minhas roupas, limpando-as, para em seguida enlaçar meu braço ao dele e darmos início ao nosso passeio.

Caminhávamos lentamente e conversávamos sobre coisas triviais, enquanto aproveitávamos a bela visão que as árvores nos proporcionavam. Era engraçado o quanto eu me sentia bem ao lado dele. Uma sensação indescritível. Infelizmente eu raramente podia sentir isso, raramente tinha a oportunidade de desfrutar de sua companhia, e, embora eu desejasse vê-lo todos os dias, sentir sua presença ao meu lado, aquilo não era possível e nunca seria.

Com esses pensamentos negativos pairando em minha mente, deixe-me desanimar durante a caminhada, o que não passou despercebido por ele, que imediatamente perguntou-me o que houve. A resposta demorou um pouco para ser formulada e mais um pouco para ser proferida, pois me perdi em seus lindos olhos recheados de preocupação que me olhavam de soslaio. Meu coração encheu-se de alegria ao saber, novamente, que ele se preocupava comigo e com o meu bem-estar. Era bom sentir-se querida.

Ao notar a demora pela resposta, ele então parou de andar e encarou-me, esperando que eu abrisse a boca. Foi então que uma pequena batalha se formou em minha mente. Contava-lhe a verdade, ou apenas mentia dizendo que não era nada?

- Queria poder passar mais tempo contigo. – disse-lhe enfim. Seu olhar abaixou levemente, e, sem dizer nada, ele simplesmente me abraçou. Escondi meu rosto em seu peito e segurei ao máximo minhas lágrimas, que ameaçavam cair.

- Eu também, minha querida, eu também. – ao terminar, depositou um leve beijo em minha testa, para em seguida desfazer o abraço e segurar levemente meu queixo, obrigando-me a olhar em seus olhos. – Mas, vamos tentar não pensar nisto hoje? Tudo bem? – assenti e ele logo esboçou mais um de seus lindos sorrisos que faziam meu coração disparar. – Agora, vamos, temos um longo caminho pela frente.

- Afinal, aonde vamos?

- É surpresa! – e deu-me um sorriso travesso. Eu não gostava muito de surpresas, pois nunca sabia como reagir, mas, já que era ele quem estava fazendo, eu realmente não me importava com isto.

Continuamos nossa caminhada e pude notar que o céu começava a obter um tom alaranjado. Pôr-do-sol. Uma cena linda e triste ao mesmo tempo, afinal logo eu teria que voltar para casa e sabe-se lá Deus quando eu o veria novamente. E, novamente, pensamentos desanimadores voltaram a pairar minha mente, todavia eu não me deixei desanimar, iria aproveitar ao máximo o restante de dia que teria com ele.

Caminhamos mais um pouco, até ele finalmente pedir uma pequena parada. Sentamos novamente na grama macia e voltamos a observar as árvores graciosas, enquanto contávamos piadas alegres e inocentes. O tempo logo passou rápido e as estrelas já começavam a aparecer. Assim que o céu ficou completamente estrelado, ele pediu para que retomássemos a caminhada.

Andamos por debaixo de mais algumas árvores, atravessamos uma pequena ponte com direito a uma parada no meio dela, para observamos o local em volta. Após isto, continuamos nossa caminhada, passando por um caminho estreito e com muito mais árvores. Avistamos uma montanha e encontramos um pequeno caminho feito de pedras que nos levava para o topo dela.

- Vamos subir! – disse-me, estendendo sua mão para me ajudar. Aceitei delicadamente, embora não achasse necessária a ajuda. Seguimos o pequeno caminho de pedra e quando finalmente chegamos ao topo da montanha, ele anunciou. – Chegamos.

Olhei em volta. Havia uma enorme cerejeira em flor exatamente no meio da pequena montanha, e de lá de cima era possível ver todo o parque. Parecia que todas as árvores juntavam-se em uma só, uma cena linda. Outra cena digna de uma lindíssima pintura. Ah, quem era eu tivesse esse dom! Teria criado milhares de telas só naquele dia.

Sentei-me em baixo da grande árvore e observei toda a paisagem atentamente, como se ao menos pudesse criar uma tela mental, e pudesse guarda-la eternamente em minha mente, embora soubesse que algum dia esqueceria. Absorta olhando para a paisagem, nem reparei quando ele sentou-se ao meu lado. Somente notei sua presença, quando me perguntou o que havia achado.

- Não gostei! Amei. É lindo! Obrigada por me dar a oportunidade de conhecer este lugar! – mostrei-lhe o mais belo dos sorrisos que eu conseguia fazer, ele sorriu em resposta e afagou novamente o topo de minha cabeça. Assim que o mesmo terminou o ato de carinho, apoiei minha cabeça em seu ombro e comecei brincar levemente com sua mão, entrelaçando nossos dedos.

E então, o silêncio reinou. A hora de voltarmos estava se aproximando e nenhum dos dois tinha coragem de comentar sobre tal coisa e iniciar a sessão de despedida, contudo ambos sabíamos que uma hora teria de acontecer. E a hora havia chegado.

- Está tarde. – comentei tristemente e o olhei novamente. Sem dizer, nada, apenas assentiu.

- Já está na hora de irmos. – disse-me após alguns segundos de um silêncio perturbador. Assenti levemente.

Levantamo-nos então e nos abraçamos fortemente. A despedida era, definitivamente, a pior parte e nenhum dos dois era forte o suficiente para ela. Lágrimas começaram a escorrer por meus olhos, mesmo que sem minha permissão. Seus braços se estreitaram ainda mais ao redor de meu corpo. Era difícil, mas estava na hora.

- Quando o verei de novo? – perguntei em voz baixa.

- Não faço ideia. Mas espero que seja em breve.

- E quando terei a oportunidade de conhecê-lo no mundo real?

- Ah, isto teremos que esperar ainda mais. Mas, relaxe, ainda nos encontraremos, é só questão de tempo.

- Queria que fosse logo.

- Eu também, mas não podemos nos apressar, Deus tem tudo programado. – disse-me antes de finalmente nos separar, em seguida depositou um beijo em minha testa. – Tchau, minha pequena flor. Lembre-se sempre que eu te amo e sempre irei te amar.

Após estas palavras, minha visão escureceu completamente, como num desmaio, e um barulho estridente se fez presente. Estiquei meu braço e, com força, desliguei meu despertador. Sentei-me na cama, enquanto coçava preguiçosamente meus cabelos. Eram 06h da manhã.

Suspirei cansada, enquanto me preparava psicologicamente para mais um dia de trabalho. E, enquanto tomava café da manhã, pensava em mais um sonho que eu havia tido com o mesmo rapaz de sempre. Era incrível o quanto aqueles sonhos eram reais, e eu quase acreditava que aquilo estava acontecendo e que aquele rapaz realmente existia. E por algum motivo sobrenatural meus sonhos com ele sempre me faziam muito bem, pois eu me sentia realmente amada, coisa que eu nunca senti e iria sentir aqui, no mundo real.

Para ser sincera, eu realmente esperava que todos aqueles sonhos com ele pudessem ser reais, esperava que ele existisse, e que sua promessa de que um dia nos encontraríamos fosse cumprida.

Contudo, lá no fundo, eu sempre soube que tudo aquilo, inclusive as sensações e os sentimentos, nada mais eram que sonhos.


Simples sonhos de uma mulher solitária.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Brisa de primavera.

Postado por Unknown às 22:07 0 comentários
(fanart do jogo League of Legends. - Autor desconhecido)

De braços abertos, aproveitava a doce brisa que brincava com meus cabelos e minhas roupas um tanto quanto largas. De olhos fechados e com a cabeça voltada para o céu, sentia os cálidos raios de sol esquentar meu corpo naquela tarde de clima agradável. Ainda era primavera, e eu tentava de todas as formas aproveitar aquela estação maravilhosa, onde não é tão frio e nem tão quente, e todos os lugares são presenteados com belíssimas flores. Do alto daquele morro podia observar grande parte de minha cidade e como bônus tinha uma visão privilegiada do pôr-do-sol.

E para completar aquele cenário ainda imperfeito, o homem que eu amava estava ao meu lado, tornando, então, o dia perfeito. O mesmo estava sentado de modo desleixado, mexendo em seu celular. Não o culpava, afinal, nos dias atuais, aproveitar as coisas da natureza parece tão chato para algumas pessoas. Contudo não era o mesmo comigo. Adorava observar os pássaros cantando, olhar e sentir a fragrância das flores, ouvir o som do vento ao bater nas folhas das árvores, o som da chuva caindo; eram infinitas as coisas que eu amava. A natureza era bela e a melhor coisa era observá-la ao lado da pessoa amada, exatamente como eu estava.

- Ei! Sem celular, lembra? - virei-me para ele e chutei levemente seu pé. Seu olhar se direcionou ao meu, fazendo com que meu coração ficasse um pouco mais rápido. Sem dizer nada, apenas sorriu e voltou a prestar atenção nele. Senti meus lábios formarem um “bico” involuntário, e chutei seu pé novamente. - Sei que é chato, mas você pode ao menos aproveitar um pouco deste dia lindo comigo? - ele então se levantou e aproximou-se de mim, em seguida, tocou meu ombro de forma carinhosa.

- Estou apenas brincando, boba! - disse-me para logo em seguida esboçar em seus lábios mais um de seus belos sorrisos. Após isto, ambos olhamos para o céu no mesmo momento, pondo-nos a observar as nuvens e as estrelas que aos poucos apareciam timidamente. - É um tanto quanto entediante, contudo não posso negar: é bem bacana.

A princípio o olhei surpresa, não pensava que diria aquilo, mas logo em seguida esbocei um sorriso e assenti, demonstrando que prestara atenção ao que ele dissera. Alguns segundos depois e o silêncio reinou novamente, entretanto não era um silêncio constrangedor, era um silêncio agradável, onde podíamos aproveitar aquele momento ao lado da pessoa amada. E eu estava adorando aquilo.

Para mim, apenas estar ao lado dele, mesmo que estivéssemos quietos, mesmo que eu soubesse que o único tipo de relacionamento que teríamos era a amizade, era o suficiente. Saber que ele, mesmo entediado, passava algum tempo comigo, enchia meu coração de felicidade e a cada sorriso que ele me dava, demonstrando que estava contente, meu corpo era preenchido com uma alegria infinda. Não era preciso trocar palavras ou carícias o tempo inteiro, saber que ele estava ao meu lado e que confiava em mim como sua melhor amiga era o suficiente. Não queria mais nada, além de sua felicidade, é claro.


E aquele dia terminou com um belo céu estrelado, com a doce brisa acariciando nossos corpos e com um abraço caloroso ao nos despedir-nos. 

sábado, 11 de janeiro de 2014

• Alguém especial.

Postado por Unknown às 14:17 0 comentários


 (fan art do jogo Ib)

Sempre fui um rapaz que nunca se interessava por garotas. Não que eu fosse homossexual, óbvio que não era, entretanto achava todas as garotas chatas, irritantes e interesseiras. Apesar disso, eu era bastante popular entre elas e nunca entendi o motivo. Recebia diariamente vários bilhetes contendo declarações de amor, minha lixeira ficava lotada de papéis coloridos e purpurinados, e tudo aquilo me irritava profundamente, me tirava do sério. Nunca pensei que toda essa minha repulsa por garotas estúpidas mudaria, até ela entrar em minha vida.

Estava com a cabeça encostada em minha carteira, os olhos fechados, quase caindo no sono, quando a porta é aberta abruptamente, causando um pequeno susto. Levantei a cabeça com o cenho franzido e observei o motivo daquela barulheira. O presidente de classe entrou na sala com um sorriso irritante nos lábios e sendo seguido por uma figura feminina. "Maldito! Como ele consegue ser tão energético?", perguntei-me mentalmente enquanto o mesmo nos informava sobre a aluna nova. Dirigi meu olhar para a nova aluna e pensei comigo mesmo: "Diabos! Mais uma garota estúpida para perturbar meu juízo!". O presidente de classe pediu para que a mesma desse um passo à frente e se apresentasse.

- Olá, meu nome é Natália. Por favor, cuidem de mim! - seu olhar estava direcionado para o chão, sua voz era tão baixa que eu quase não escutei e seu rosto estava com uma coloração avermelhada. Toda aquela reação da menina me deixou um tanto quanto impressionado, ela era tão... Diferente. Nossos olhares se cruzaram brevemente, seu rosto atingiu uma coloração mais avermelhada que antes e voltou a encarar o chão. A professora, com um sorriso, gentil indicou um lugar para ela se sentar e com isso o dia continuou sem complicações.

Os dias passaram preguiçosamente e quanto mais o tempo passava, mais o meu interesse por aquela simples garota crescia. Comecei apenas me perguntando como ela era realmente, se aquilo tudo era apenas uma máscara para esconder sua futilidade, em seguida meus pensamentos estavam focados nela, e por último, me peguei observando ela várias vezes ao dia e sempre a procurando na multidão. Aquela simples garota capturou minha atenção, meus pensamentos, penetrou minha alma com aquele jeito puro e simples de ser, e tudo isso sem nem ao menos ter dirigido uma única palavra a minha pessoa.

Andando distraidamente pelo corredor do colégio, com as mãos nos bolsos da calça, senti alguém esbarrar levemente em meu braço e em seguida uma voz muito baixa me dizer, quase num sussurro, um pedido de desculpas. Instintivamente segurei seu braço e fiz com que ela olhasse diretamente para mim, seu olhar era o de uma criança assustada.

- Você sabe matemática? - sem saber o que dizer, perguntei-lhe a primeira coisa que me veio na cabeça, a resposta foi positiva. - Poderia me ajudar a estudar? - sua expressão era de uma pessoa pensativa, e em seguida, outra resposta positiva. - Ótimo. No final da aula, me encontre na biblioteca. - soltei seu braço e continuei meu caminho. Fiquei nervoso e milhares de pensamentos e questionamentos rodearam minha mente.

“Como vou me comportar? Por que diabos eu pedi para que ela me ensinasse matemática? Logo a matéria que eu tiro as melhores notas?”. Eu era um verdadeiro idiota, imbecil! Suspirei pesadamente e me joguei na cadeira enquanto me perguntava se tinha algum distúrbio mental. Por que diabos aquela garota mexia tanto comigo a ponto de me deixar tão confuso?

O tempo passou num piscar de olhos e a cada passo que eu dava em direção para a biblioteca, a minha ansiedade aumentava mais e mais. Abri a porta e a encontrei sentada em uma cadeira, seu semblante era calmo e me transmitia paz, me deixava tranquilo. Sentei-me em sua frente e esperei que ela começasse a aula de matemática. Perguntou quais eram minhas dúvidas, inventei alguma coisa, e ao invés de me concentrar no que ela falava, me concentrei no seu tom de voz, nas caras e bocas que ela fazia, o modo como ajeitava o cabelo e estalava os dedos de vez em quando. Sentia-me hipnotizado pela singela beleza dela, e quando nossos olhares se encontraram, senti meu coração acelerar.

Os meses, os anos, foram passando e a cada dia eu me encantava por ela cada vez mais, conhecia sua real personalidade e me apaixonava mais e mais. Finalmente eu havia encontrado alguém diferente, alguém capaz de fazer meu coração acelerar, alguém que me fez conhecer o verdadeiro significado da palavra amor, e isso me deixava tão feliz que eu me sentia no céu, flutuando por entre as nuvens.

 ~ X ~

Diego enfim fechou o caderno e largou a caneta em cima da mesa. Massageou as têmporas e soltou um suspiro. Sua esposa percebendo sua agitação, perguntou-lhe se havia acontecido algo.

- Aconteceu! Este texto está horrível! Queria que ele ficasse perfeito! – sentiu então braços envolvê-lo num delicioso abraço.

- E por que ele tem que ser tão perfeito assim?

- Porque nele eu conto a forma em que nos conhecemos, a forma em que me apaixonei por você, e como você me mudou, me fazendo acreditar no amor. – os olhos da moça ficaram marejados, enquanto seu marido dizia tais palavras. Era raro ele demonstrar seus sentimentos, mas quando o fazia, sentia que seu corpo perdia as forças com a intensidade de suas palavras e seu olhar. Apertou mais seus braços em torno do corpo dele e tentou transmitir tudo o que sentia. E ele apenas aproveitou os braços finos e macios a envolvê-lo, enquanto pensava no desfecho perfeito para sua história.


segunda-feira, 8 de abril de 2013

• Saudade

Postado por Unknown às 09:48 0 comentários

Hoje eu me lembrei de você. Faz pouquíssimo tempo que você partiu, entretanto parece que tudo o que vivi contigo, todas as memórias, foram apenas um sonho, uma ilusão, e que dificilmente conseguirei viver novamente. As únicas coisas que me provam que aquilo foi real são as lembranças, as fotos, os vídeos; é difícil esquecer alguém como você, das suas manias, das suas brincadeiras, de suas palhaçadas. E provavelmente não esqueceremos isso tão cedo.

Para mim você era uma pessoa chata e irritante, que me chamava nos piores momentos. Bastava eu me sentar para jogar algo, ou escrever, que você me chamava e isso me deixava extremamente irritada! Outra coisa que me irritava era o fato de que você reclamava muito, passava horas e horas reclamando, aquilo me enlouquecia! Ah, você também era muito agitado! Sempre fui uma pessoa de dormir tarde, entretanto conseguia dormir mais cedo que você. Tinha noites em que você deitava cedo, mas alguns minutos depois já era possível ouvir seus passos pesados ecoando pela casa silenciosa.

Você era barulhento ao extremo! Falava alto, deixava o volume da TV tão alto que podia se ouvir da rua e brincava com a cadela num volume de voz altíssimo. Você também adorava roubar meus doces! Era eu ficar com vontade de comê-los que descobria que você já os havia comido, contudo, quando eu lhe dava, o doce rolava por dias na geladeira até estragar. Ainda me lembro do dia em que acordei durante a noite e pude vê-lo entrando em meu quarto, apenas de cueca, com seus cabelos separados em pequenos tufos, e você tentava abrir a porta de meu armário de modo silencioso e finalmente pegava o que queria: meu biscoito. Eu ri muito depois disso.

Eu adorava as caras que você fazia quando eu te sacaneava, adorava seu sorriso feliz quando escutava suas músicas e as pessoas apreciavam também não posso me esquecer da sua cara de sapeca quando fazia alguma brincadeira. Contudo, quando você nos dava uma bronca, ficava muito assustador. Eu gelava todas às vezes.

Entretanto nada teu ficou. Somente a saudade. A saudade dos teus passos pela casa, a saudade da tua voz alta, das suas manias, dos seus jeitos e até dos meus doces roubados (que na verdade era você quem os comprava).

Só me arrependo de nunca ter te dado o valor. Não ter te abraçado, não ter dividido meus doces, não ter sido uma filha digna. Arrependo-me por ter sido extremamente egoísta contigo. Mas eu quero que saiba que eu te amo e que sinto sua falta.


terça-feira, 12 de março de 2013

• I love you

Postado por textosdaleka às 15:18 0 comentários


O vento tocava a minha face, balançava o meu cabelo e me dava sensação de frescor. Pássaros e borboletas voavam por todo o ambiente. O cheiro das flores deixava tudo mais agradável. E ao meu lado, para deixar tudo ainda mais agradável, estava aquele rapaz o qual eu sempre fora apaixonada. Não falávamos nada, apenas aproveitávamos a companhia um do outro e aquilo me trazia paz. Era tão bom ficar com ele! Ele me trazia uma sensação de paz, tranqüilidade, uma coisa que eu realmente gostava.

Caminhávamos um ao lado do outro, às vezes ele me olhava e sorria, seu sorriso era o mais bonito que eu já vira em toda a minha existência e seu olhar era sempre tão gentil quando direcionado para mim.  

Continuávamos caminhando, até ele parar, repentinamente e me encarar. Ele parecia pensativo e após algum tempo expressou decepção. Pensei em perguntar-lhe o que houve, entretanto, antes disso ele respondeu:

- Esqueci de uma coisa muito importante, uma coisa que eu precisava te dar ainda hoje. Você se importa de me acompanhar até em casa? – neguei com a cabeça, era óbvio que eu não me importaria, quanto mais tempo eu passava com ele, mais feliz eu ficava. Ele esboçou um sorriso tímido. – Ótimo! – voltamos a caminhar, só que desta vez pelo caminho oposto.

Caminhamos por mais alguns minutos até paramos na frente de um enorme prédio. Passamos pela portaria e cumprimentamos a todos que estavam ali, entramos no elevador e finalmente paramos na frente de seu apartamento. Ele abriu a porta e pediu para que eu entrasse primeiro, como um verdadeiro cavalheiro. Seu apartamento não era grande de mais, nem muito pequeno. O ambiente era calmo e tranquilizante, assim como o dono. Haviam flores espalhadas por todo o apartamento e além de calmo, o ambiente era perfumado.

O segui até a cozinha e sentei-me na mesa de jantar. Ele foi até a geladeira e pegou uma caixinha vermelha, logo após veio até mim e estendeu as mãos, me dando a caixinha. O indaguei com o olhar e olhei para a caixinha bem desenhada. Coloquei-a na mesa e tirei a tampa, vi uma grande quantidade de bombons embalados. Abri um sorriso de orelha à orelha, senti meu rosto aquecer, certamente eu estaria corada e o olhei. Para mim não havia nada melhor no mundo do que receber chocolates e aquilo havia me deixado muito mais feliz do que eu estava.

Não me contive e o abracei. Ele pareceu surpreso de início (e realmente era para estar, não costumava abraçar as pessoas), mas logo me envolveu em seus braços. Seu abraço era caloroso, era tão bom quanto o abraço de minha mãe. Antes de nos separarmos, ele depositou um beijo em minha testa e logo depois se se sentou à mesa. Sentei-me ao seu lado, muito envergonhada e peguei um bombom. Notei que no meio dos bombos tinha um pedaço de papel, peguei o papel e percebi que ele havia ficado tenso.

Curiosa, desdobrei o papel e logo reconheci sua letra, grande e bonita. Li tudo atentamente e antes de terminar, já estava em estado de choque. Não acreditara no que eu acabara de ler. Não conseguia acreditar que naquele bilhete, ele se declarava para mim de uma forma tão tímida e doce que quase fez com que eu derretesse naquela cadeira. Eu o observei e notei que seu rosto ficara vermelho rapidamente e ele olhava para baixo. Olhei para minhas mãos e tentei me controlar. Eu não sabia o que iria fazer, mas eu sabia que se eu agisse por impulso, faria uma grande besteira, então eu fiquei quieta e pensei calmamente no que eu poderia fazer.

Enquanto pensava, notei que ele respirava fundo, como se fazendo aquilo, conseguiria reunir coragem. Eu estava ansiosa para ouvir o que ele falaria, ou ver o que ele faria, entretanto ele não fez nada, absolutamente nada, apenas abaixou a cabeça. Curiosa, decidi perguntar-lhe se aquilo era verdade.

- O que está escrito aqui, é verdade? – falei um pouco baixo e gaguejando, suponho que ele havia entendido, pois apenas assentiu e seu rosto obteve uma coloração muito mais avermelhada do que antes. – Eu... Eu... – suspirei. – Eu sinto o mesmo. – disse, por fim. Encolhi na cadeira e tentei esconder meu rosto. Senti seu olhar sobre mim e me atrevi a olhá-lo. Seus olhos estavam arregalados, seu rosto continuava vermelho e aquilo era totalmente adorável. Senti uma vontade incontrolável de apertar suas bochechas, contudo a falta de coragem e a vergonha não me permitiram.

Após alguns segundos processando as idéias, ele virou-se para mim e me olhou nos olhos. Aos poucos ele se aproximava de mim, sem que eu percebesse, só percebi quando nossos rostos estavam próximos e eu podia sentir sua respiração se mesclando com a minha. Com cuidado ele segurou meu rosto e selou nossos lábios de uma forma carinhosa e gentil. Arregalei meus olhos e não consegui acreditar no que ele tinha feito! Meu coração acelerou de tal forma que parecia que ele iria sair correndo de meu corpo. Afastou-se de mim e me olhava nos olhos, suas mãos ainda seguravam meu rosto e num fio de voz perguntou-me:

- Aceita ser minha namorada? – sem saber o que fazer, que reação eu deveria expressar, apenas assenti e tentei me esconder entre meus cabelos, o que não fora possível. Ele expressou um sorriso tímido e encostou sua testa na minha. Ficamos alguns minutos apenas naquela posição, até ele finalmente se separar. – Quer mais algum bombom? – assenti novamente.

Comemos alguns bombons juntos e finalmente saímos do prédio, rumando em direção à minha casa. Caminhávamos em silêncio, como anteriormente. Sua mão segurava a minha. Sua mão era calorosa, forte. Era uma sensação engraçada, uma sensação de segurança, de que eu nunca estaria sozinha novamente e eu simplesmente adorava aquilo. Como que apenas um toque de mãos fazia com que eu sentisse todas aquelas sensações?

Paramos em frente à minha humilde casa e antes que eu entrasse para finalmente finalizarmos aquele dia, ele me abraçou fortemente e beijou o topo de minha cabeça, novamente. Despediu-se com um leve sorriso, acenou e virou-se, fazendo o caminho de volta. Entrei rapidamente e fechei a porta atrás de mim, e após um tempo assimilando aquilo tudo, comecei a chorar de felicidade. Eu estava muito feliz e queria poder reviver aquele dia pelo resto de minha vida. 

terça-feira, 1 de maio de 2012

Apenas ele.

Postado por textosdaleka às 13:48 0 comentários


Ficar em casa apenas assistindo a televisão estava se tornando algo muito chato, eu precisava sair, me distrair, precisava de algum pequeno contato com outras pessoas, a solidão que o inverno me trazia estava me deprimindo. Decidi então escovar meus cabelos, colocar uma calça jeans, um tênis e um casaco, e após fazer isso, saí de casa. Caminhava pelas ruas com as mãos no bolso, olhava para algumas vitrines e não notava nada de muito interessante. Quando estava preste a desistir e voltar, notei que no final da rua havia uma livraria aberta, eu como era obcecada por livros, não pensei duas vezes e corri para a livraria.

Ao adentrar na livraria notei que haviam alguns conhecidos nela e resolvi conversar com eles enquanto passava os olhos em todos os livros. Vi alguns livros de Agatha Christie, outros do Conde J. W. Rochester e outros que eu nem ao menos havia ouvido falar. Pensei até em comprar um dicionário de japonês que estava a venda, entretanto preferi não gastar meu dinheiro naquele momento, visto que pretendia gastá-lo com um novo jogo que havia acabado de lançar.

Continuei conversando com os meus conhecidos e percebi que eles até tinham uma conversa boa e prazerosa. Eles falavam a minha língua, eram inteligentes e não fúteis como a maioria das pessoas são, e aquilo havia me deixado à vontade. Comecei a me abrir mais e mais, a minha barreira estava sendo ultrapassada e quando perceberam, já conheciam o meu lado oculto, o meu lado risonho e alegre. Estava tão envolvida na conversa que nem percebi quando um homem entrou na loja e após um tempinho ficou me encarando.

Eu sentia seu olhar sobre mim, estava com medo de ser algum psicopata e já estava me preparando para correr o mais rápido possível quando saísse da livraria. Até que alguns dos meus conhecidos (e novos amigos) disseram que precisavam ir, e quando sobrou apenas um, resolvi ir embora com ele. Virei-me e tive uma surpresa.

Lá estava ele! O único homem que fazia meu coração disparar. Seus cabelos louros estavam um pouco mais compridos desde a última vez que o vi, seus olhos estavam mais azuis e brilhantes do que eu lembrava, e ele havia deixado a barba crescer. Meu coração começou a disparar novamente e eu já começava a me repreender. Não, aquele sentimento sufocante não poderia voltar. Eu odiava aquele sentimento que chamam de amor. Ele me sufoca, não me deixa respirar, ele me fazia ter vontade de beijá-lo, abraçá-lo, de tê-lo comigo por toda a vida e eu não queria aquilo. Queria a minha vidinha solitária, com poucos amigos, queria que minha barreira não fosse ultrapassada e o pior era que quanto eu mais lutava contra esse sentimento, mais ele crescia dentro de mim. Não havia escapatória, o amor havia possuído todo o meu corpo e era mais forte do que minha mente, era mais forte do que o meu desejo de estar sozinha.

Aproximou-se de mim com um sorriso e me perguntou se não sabia mais reconhecer um grande amigo. Amigo... Aquela palavra ecoava em minha mente várias e várias vezes. Amigo...

Quando eu menos esperava, ele me abraçou. Eu comecei a sentir o calor que emanava de seu corpo, sentia seu delicioso perfume invadindo minhas narinas, sentia seus braços trabalhados apertando o meu corpo, como se quisessem me proteger de algo, como se quisessem me proteger do mundo, como se quisessem erguer uma outra barreira ao meu redor. Já estava completamente envolvida em seu abraço, queria ficar ali durante todo o tempo do mundo, apenas sentindo o seu toque, mas infelizmente aquilo não era possível.

Separou-se de mim e me olhou nos olhos, parecia que ele conseguia ver através de meu corpo, parecia que ele lia meus pensamentos e conseguia ver a minha alma. Eu sentia como se ele soubesse de todo o sentimento que eu tinha por ele e via um carinho e ternura em seu olhar, parecia que ele sentia o mesmo. Envolveu-me em mais um de seus abraços e beijou o topo da minha cabeça, eu sentia as mesmas coisas que sentira antes, só que com mais intensidade, além de tudo sentia um enorme carinho envolvendo todo o meu corpo. Separou-se de mim novamente, agora com um enorme sorriso em seu rosto, não pude me conter e sorri também.

Acariciou me rosto por alguns segundos, segurou meu queixo e apertou seus lábios contra os meus. Meu corpo gelou, minhas pernas tremeram, meu coração parecia querer sair de meu corpo e correr pelo mundo afora. Finalmente pude sentir a maciez de seus lábios, finalmente pude me sentir completa e finalmente pude sentir minha barreira se quebrando em milhares de pedaços, aquela era uma sensação maravilhosa, uma sensação de liberdade e bem-estar. Após o pequeno toque de nossos lábios, abracei o homem de minha vida o mais forte que pude, para que ele nunca mais fosse embora. E ele nunca mais foi...
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Gostaram? Não? Deixem sua opinião, pois ela vale muito!

terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Conto de Natal.

Postado por textosdaleka às 22:27 0 comentários

Eu sempre odiei o Natal e nunca soube o porquê. Talvez fosse porque eu odiava os sorrisos falsos na troca dos presentes, ou talvez fosse por causa das músicas natalinas, que me deixavam louca. Como eu disse antes, eu realmente não sei. Não venha me julgar! Eu não odeio Jesus, pelo contrário, eu o amo. E não é por causa dele que eu fico indignada, e sim por causa dos humanos que fazem um monte de coisas, menos seguir os ensinamentos dele. Bom, eu não vim aqui para falar sobre o meu problema particular com o Natal e sim o que aconteceu no último.

Era véspera de Natal, já estava tarde da noite e eu estava voltando da casa de uma amiga. Estava muito frio, a rua estava totalmente deserta, temia que pudesse ser assaltada por algum moleque armado. Por causa disso, ao invés de andar, eu praticamente corria, desesperada para chegar em casa, e foi por causa desse desespero que eu não reparei num homem que estava bem na minha frente. Fui com tudo para cima dele, quase nos derrubei no chão, a nossa sorte foi que eu era (e sou) bastante leve e ele um rapaz com um bom reflexo.

Após o “pequeno” susto ele me olhou e perguntou se eu estava bem e o que tinha acontecido para ter ficado tão desesperada. Olhei bem nos olhos dele, sentia meu rosto arder de vergonha e pedi desculpas pelo terrível incidente, ele apenas sorriu e disse que era para ter mais cuidado. Eu apenas agradeci pelo aviso e reparei que eu o conhecia de algum lugar, só não lembrava qual. Ele também ficou me olhando como se me conhecesse e após um ou dois minutos ele deu um sorriso e me abraçou.

Tomei um pequeno susto e perguntei-lhe se ele estava maluco ou doente. Ele deu mais um sorriso e perguntou se eu lembrava dele, apenas neguei com a cabeça e finalmente fiquei sabendo de seu nome. Ele era o meu querido Gabriel Gomez, um amigo com quem eu estudei até a faculdade e por quem eu ficara completamente apaixonada. Só que ele estava tão diferente! Ele havia pintado o cabelo de preto, tirado os óculos e colocado lentes, começado a malhar e consertado os dentes. Estava tão diferente que eu nem sabia se era realmente ele, só tive a certeza de que era ele quando o meu coração bateu forte como sempre fazia.

Abracei-o mais forte que pude, sem pensar que fazendo aquilo poderia fazê-lo perceber o que eu sentia e comecei a conversar, contando todas as minhas novidades e ouvindo as dele. Puxei-o para um banco que tinha ali perto e ficamos conversando durante alguns minutos. Ele havia me dito que estava louco me procurando, pois queria falar urgentemente comigo e também disse que até pediu meu e-mail para minha mãe, mas a coitada disse que não fazia ideia do que era aquilo.

Papo vai, papo vem e com isso o tempo passou rápido demais, olhei para o relógio e vi que tínhamos ficado mais de uma hora conversando e disse para ele que precisava ir embora. Acompanhou-me até em casa para me proteger e também para aprender o caminho. Já em frente a minha porta, dei meu telefone e nos despedimos com um abraço.

Enquanto rolava pela minha cama tentando dormir, eu lembrava daquele pequeno encontro que havia feito meu coração quase pular para fora de meu corpo de tanta alegria. Também lembrava de todos os nossos momentos juntos, todas as besteiras e maluquices que fazíamos. E para dar um fim a todas aquelas lembranças, eu finalmente lembrei de como ele me fazia sentir. Ele me fazia sentir importante, especial e amada, e foi por causa disso (e por muitos outros motivos) que eu me apaixonei por ele e naquele momento pareceu que a paixão havia voltado junto com as lembranças.

Após todas essas lembranças eu finalmente pude dormir em paz, tendo uma noite sem sonhos. Quando acordei novamente sentia-me jovem, quer dizer, sentia-me adolescente. E, apesar de ser Natal, eu estava feliz. Fiz minhas coisas costumeiras e quando deu 12:00 minha querida mãe me ligou dizendo que era para eu ir a casa dela, disse também que se eu não fosse ela iria morrer e eu iria me arrepender. Sem outra escolha, me arrumei e fui até lá.

Chegando lá, vi que ela tinha feito um enorme almoço e tinha convidado muita gente, eu como sempre fui um pouco anti-social, fiquei horrorizada. Para minha sorte (ou azar), Gabriel também havia sido convidado, então eu passei quase o almoço inteiro perto dele. Após o almoço eu disse que precisava ir embora e perguntei se o Gabriel gostaria de me acompanhar, pois eu precisava falar em ele, ele aceitou e lá fomos nós a caminho de minha casa.

Conversávamos animadamente até que eu lembrei que ele havia me dito que precisava falar comigo, perguntei-lhe o que era e ele me disse que poderia falar uma outra hora. Eu sabia que ele estava mentindo, entretanto, se ele não queria me contar, o que eu poderia fazer? Isso mesmo! Insistir! Eu fiquei insistindo até ele bufar e me contar. Consegui, mas fiquei muito abalada.

Gabriel apenas olhou-me no fundo dos meus olhos e disse que sentia algo por mim. Contou-me que no dia de nossa formatura minha melhor amiga havia perguntado para ele o que o mesmo sentia por mim, ele respondeu que sentia algo especial, só que achava que não era correspondido. Minha amiga bateu-lhe na cabeça e disse que eu sentia o mesmo, disse também que se ele corresse para o aeroporto tinha chances de me pegar, antes que eu entrasse no avião. Infelizmente era tarde demais, eu já havia embarcado, rumo a Espanha, onde passaria quatro ou cinco anos.

Enquanto ouvia isso o meu coração saltitava, dava pulos e rodopios de alegria. Sentia-me nas nuvens até o momento em que eu fiz o favor de pergunta-lhe se ele ainda sentia o mesmo. Ele abaixou a cabeça e disse um “sinto muito”, com isso o meu coração quase parou e senti meu corpo caindo direto no chão e se quebrando como um espelho, meu mundo parecia ter caído e sentia as lágrimas querendo cair.

Por medo de que me visse chorar, virei para ir embora e corri, corri o mais rápido que pude até minha casa, sentia alguém correndo atrás de mim e mesmo com medo de ser algum assaltante, eu não me importei. Continuei correndo até que uma pedra entrou no meio do meu caminho e me fez cair no chão. Fiquei com muita raiva e tive vontade de xingar o mais alto que podia, infelizmente eu não consegui por causa da dor.

Alguém me levantou e perguntou-me se eu estava bem, perguntei-lhe se estava cego e se não podia ver que eu estava me contorcendo de dor. A pessoa disse que eu não havia mudado, que continuava a mesma velha chata e apressada, que nunca deixava os outros terminar uma frase e já tirava conclusões precipitadas. Olhei para ele e vi que ele sorria, perguntou-me se podia terminar a frase a partir do “sinto muito”, respondi que se era para me humilhar mais ele poderia parar por ali. Ele apenas riu e disse as seguintes palavras:

- “Eu iria dizer que eu sinto muito, pois o que eu sentia antes era algo que não chegava aos pés do que eu sinto agora, era algo tão pequeno como uma formiga, mas agora é bem maior que um elefante. Também iria te perguntar se você sentia o mesmo, contudo você foi mais apressada e saiu correndo igual a uma maluca. Acho que você faria sucesso se fosse atleta!”

Comecei a rir e a chorar ao mesmo tempo, era um turbilhão de sentimentos dentro de mim, sentimentos como amor, raiva, alegria e tristeza. Aproximou-se de mim, pensei que iria me beijar e mais uma vez ele me surpreendeu, ao invés de me beijar, me abraçou. Arregalei os olhos por algum tempo e o abracei o mais forte que eu pude. O resto você já sabe.

E apesar de odiar o Natal, aquele havia sido o melhor Natal de todos. Acho que finalmente fui uma boa menina naquele ano... 

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Sem ter você.

Postado por textosdaleka às 17:03 1 comentários


"Querido amigo,

   Soube que você vai se casar com a... Qual é mesmo o nome dela? Ah! Lembrei, Ester! Eu estou muito feliz por vocês e espero que vocês sejam muito felizes, pois merecem... Fora isso, estou escrevendo este e-mail para lhe 'dizer' duas coisas: a primeira é que não poderei comparecer ao casamento, estou com muitas coisas para resolver aqui no Brasil. Sabe como é, né? Minha mãe está doente e meu pai um pouco deprimido, ainda por cima aqueles papéis ainda não saíram, o que dificulta ainda mais, pois acho que não posso sair do país sem antes assinar aquele bendito papel. Tudo seria muito mais fácil se eu assinasse em algum lugar e desse 'Ctrl+C' e 'Ctrl+V', não é mesmo? Enfim, a segunda coisa que eu queria dizer era que... Era que... É melhor deixar pra lá. Sei que vai ficar curioso, mas é realmente melhor deixar pra lá, não posso te contar isso, ainda.
   Agora que já escrevi tudo o que tinha para 'dizer', chegou à hora da despedida.

            Beijos,
                        Lais."

Lais acabara de escrever o e-mail e lágrimas reprimidas escorriam pelo seu rosto, molhando levemente sua blusa. Ela queria contar, queria contar para ele o que estava guardando dentro de seu peito há algum tempo. Infelizmente ela não podia, não agora faltando apenas um mês para o casamento, ela sabia que além de estragar o casamento dele, ela estragaria a vida dele e a sua amizade. Mesmo que não tivesse seu amor, mesmo que não fosse acordar todos os dias ao lado dele, mesmo que as flores que ele levaria para casa não fossem pra ela, ela ficaria feliz. Tudo o que realmente importava para ela era a felicidade dele, mesmo que para isso ela precisasse abrir mão da sua.

Preparou-se para dormir e teve uma noite sem sonhos. Acordou, cuidou da casa e finalmente acessou seu e-mail, onde já tinha a resposta de seu amigo. Era um e-mail pequeno, simples e direto, dizendo que ele sentia muito, pois não queria se casar sem a sua melhor amiga presente. Disse também que sentia muita saudade dela, que se sentia muito triste e sozinho sem a presença dela, disse que Ester estava muito ocupada escolhendo os vestidos e finalmente se despediu pedindo que sua querida amiga voltasse logo.

Estava se sentindo mal, dentro dela dois sentimentos opostos se misturavam: a alegria e a tristeza; Chorava e sorria ao mesmo tempo, chorava de tristeza e sorria de alegria, pois ele ainda assim precisava dela. Naquela noite ela se deitou pensativa, ficou pensando por horas até chegar em uma conclusão: ela seguiria em frente e continuaria com a amizade dele, mesmo que no fundo fosse doloroso. Naquela noite ela dormiu tranqüila.

O tempo passou, ela conseguiu ir ao casamento e lá fez uma grande amizade... O destino começava a entrar em ação... 
 

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